domingo, 17 de janeiro de 2010

Variante de gene pode proteger contra doença de Alzheimer


Um estudo, publicado no The Journal of the American Medical Association, identificou um gene protector contra Alzheimer. “A maior parte dos trabalhos sobre a genética desta doença neurodegenerativa centra-se nos factores que aumentam o perigo”, disse Richard B. Lipton, vice-presidente do departamento de Neurologia do Colégio de Medicina Albert Einstein de Nova Iorque. Entretanto, a equipa dirigida por este especialista deu conta da existência de um gene que parece reduzir o risco de desenvolver a doença.Em 2003, um estudo realizado com judeus Ashkenazis determinou que o gene CETP estava relacionado com o aumento da esperança de vida. Porém, os resultados com outros grupos étnicos foram contraditórios. Na opinião dos autores os ‘genes da longevidade’ devem estudar-se pelo seu potencial efeito protector sobre o aparecimento de doenças.Além de mais, o CEPT intervém no metabolismo do colesterol, tal como o APOE, um gene que predispõe ao Alzheimer.Lipton e os seus colegas recrutaram 524 pessoas maiores de 70 anos e analisaram a relação entre o subtipo de CEPT que portavam e o seu risco de demência. Ao fim de 4,3 anos de análises, 40 indivíduos tinham desenvolvido a doença.Fármacos para imitar geneOs genes são fragmentos de DNA que contêm informação para o fabrico de proteínas. Todos temos os mesmos genes mas nem todos são iguais, ou seja, o CEPT pode ter duas formas distintas em função de qual nucleótido (composto que ajuda o processo metabólico) se situa num ponto concreto da sua sequência.Uma destas variantes, que chamou a atenção dos investigadores, provoca a diminuição dos níveis de CEPT no organismo. Isto traduz-se num incremento do ‘colesterol bom’ (HDL) e do tamanho das lipoproteínas.

Os participantes foram divididos em três grupos − dependendo se tinham uma, duas ou nenhuma cópia desta variante da longevidade do gene CETP. Ao relacionar estes dados com o aparecimento da doença “descobrimos que aquelas pessoas com duas cópias deste tipo de CEPT perdiam memória mais lentamente e tinham um risco menor de sofrer de demência e de Alzheimer”, explicou Amy Sanders, professora do departamento dirigido por Lipton.“Concretamente, estes participantes tinham uma redução de 70 por cento de risco de desenvolver a doença em comparação com aqueles que não tinham nenhuma cópia desta CEPT benéfica”, acrescentou a Sanders.Neste momento estão a desenvolver-se medicamentos capazes de imitar a função da variante protectora de CEPT. Lipton adiantou ainda que “estes agentes serão testados para comprovar a sua capacidade de promover um envelhecimento melhor e prevenir o Alzheimer”.

1 comentário:

  1. Artigo interessante que realça a importância da investigação em genética molecular na compreensão do metabolismo celular e dos factores genéticos que protegem ou predispõem para a doença , bem como as aplicações em farmacogenética.

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