Entrevista: Dra. Helena Lopes
Todos passámos a infância, pré adolescência e adolescência a prepararmo-nos para o ingresso numa universidade ou instituição de ensino superior. As expectativas dos pais, os bons resultados com que fomos presenteados durante o secundário, o “gigante” chamado Exames Nacionais, enfim, toda a pressão a que somos expostos transforma aquele que deveria ser mais um passo natural na educação de um cidadão num momento crítico e de ruptura da própria rotina. “Entrei. E agora?” – Basicamente, é isto que passa na cabeça dos inúmeros caloiros da FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto), especialmente naqueles que escolheram o curso não por vocação, mas por causa das saídas, ou como segundas opções.
Agora, tudo vai mudar. O caloiro tem perante si dois grandes desafios: a integração numa comunidade constituída por uma população muito mais numerosa e diferentes níveis de exigência a nível académico, desde a própria dificuldade de cada cadeira ao método de ensino e estudo. Para superar estes desafios, será necessário o desenvolvimento de novas capacidades de auto-suficiência, a diminuição da dependência dos pais, a gestão de horários e vida económica e, no caso de quem se deslocou para uma nova cidade, enfrentar os problemas de manutenção de uma casa. Com 17 ou 18 anos, é natural que em certos casos estes novos acontecimentos propiciem casos de depressão nervosa, uma vez que, associados a esta nova fase da vida, existem os problemas normais de um jovem adulto. Apesar de passar algo desapercebida, a Unidade de Orientação e Integração (situada na sala 210, no piso 2 do edifício da Administração) existe para enfrentar estes e outros problemas e para ajudar qualquer estudante que precise.
Todos passámos a infância, pré adolescência e adolescência a prepararmo-nos para o ingresso numa universidade ou instituição de ensino superior. As expectativas dos pais, os bons resultados com que fomos presenteados durante o secundário, o “gigante” chamado Exames Nacionais, enfim, toda a pressão a que somos expostos transforma aquele que deveria ser mais um passo natural na educação de um cidadão num momento crítico e de ruptura da própria rotina. “Entrei. E agora?” – Basicamente, é isto que passa na cabeça dos inúmeros caloiros da FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto), especialmente naqueles que escolheram o curso não por vocação, mas por causa das saídas, ou como segundas opções.
Agora, tudo vai mudar. O caloiro tem perante si dois grandes desafios: a integração numa comunidade constituída por uma população muito mais numerosa e diferentes níveis de exigência a nível académico, desde a própria dificuldade de cada cadeira ao método de ensino e estudo. Para superar estes desafios, será necessário o desenvolvimento de novas capacidades de auto-suficiência, a diminuição da dependência dos pais, a gestão de horários e vida económica e, no caso de quem se deslocou para uma nova cidade, enfrentar os problemas de manutenção de uma casa. Com 17 ou 18 anos, é natural que em certos casos estes novos acontecimentos propiciem casos de depressão nervosa, uma vez que, associados a esta nova fase da vida, existem os problemas normais de um jovem adulto. Apesar de passar algo desapercebida, a Unidade de Orientação e Integração (situada na sala 210, no piso 2 do edifício da Administração) existe para enfrentar estes e outros problemas e para ajudar qualquer estudante que precise.
Fomos falar com a Dra. Helena Lopes, psicóloga responsável por esta unidade:
Jornal de Engenharia – Há quanto tempo existe a Unidade de Orientação e Integração (UOI)?
Helena Lopes – Esta Unidade surgiu na FEUP em 1995, nessa altura com a designação de Gabinete de Psicologia, nome pelo qual ainda hoje é muitas vezes identificada.
JE – Que tipo de apoio fornece à comunidade FEUP?
HL – Actualmente, os apoios directos que a UOI disponibiliza são a consulta psicológica individual, o aconselhamento em áreas como a preparação para a entrada no mercado de trabalho, (re)orientação vocacional, o apoio social, o apoio a alunos com Necessidades Educativas especiais e as Workshops de formação nas áreas comportamental e relacional, que realizamos nos dois semestres lectivos. Estamos também ligados a projectos em curso aqui na FEUP, e que se relacionam com a Qualidade do processo de ensino-aprendizagem no Ensino Superior.
JE – Qualquer pessoa (funcionários ou docentes) pode recorrer aos vossos serviços?
HL – Os nossos serviços destinam-se exclusivamente aos alunos da FEUP. Docentes ou funcionários contactam-nos, por vezes, sinalizando situações relacionadas com alunos que lhes suscitam preocupação ou para obter informações sobre o funcionamento e serviços da UOI para posteriormente encaminharem os alunos.
JE – E, desde que trabalha aqui, as pessoas recorrem muito à UOI?
HL – Não sabemos se todos os alunos que poderiam aceder aos nossos serviços e obter ajuda o fazem ou se, pelo contrário, o número de pedidos que temos fica aquém das necessidades dos alunos. Posso dar alguns números do nosso volume de actividade: no ano civil de 2005, por exemplo, a UOI atendeu 53 alunos em consulta psicológica individual num total de 303 consultas, fez cerca de 177 atendimentos no âmbito do atendimento/aconselhamento e deu formação a 341 alunos, num total de 19 acções de formação.
JE – Das pessoas que ajuda, quais são os seus principais problemas?
HL – Há diferentes pedidos de apoio, de acordo com o tipo de actividades que desenvolvemos. No âmbito da consulta psicológica, os pedidos situam-se fundamentalmente em temáticas relacionadas com o (in)sucesso académico e os métodos de estudo, relacionamento familiar e interpessoal. Surgem também pedidos de (re)orientação vocacional e alguns casos de ansiedade/depressão e outras psicopatologias.
JE – Existem números ou estatísticas acerca dos casos de depressão ou suicido na FEUP na UP?
HL – Não, mas penso que estou em condições de poder dizer que é um número residual. De qualquer maneira, qualquer número superior a zero é um mau número e é digno de preocupação e atenção.
JE – Na sua opinião, que acontecimentos ou problemas podem causar depressão ou eventual suicídio num estudante do Ensino Superior?
HL – Podemos falar de situações traumáticas que podem ocorrer na vida do indivíduo, de forma mais ou menos súbita e inesperada (por exemplo, a perda de um familiar, o fim de uma relação de namoro, perda de emprego dos pais, carência económica, desenraizamento, solidão, etc.) e que poderão estar na origem de sofrimento psicológico e despoletar quadros mais severos como a depressão ou mesmo o suicídio. Muitas vezes, o que acontece é que não estamos na presença de um acontecimento único responsável pelo mau estar do indivíduo, mas de um conjunto de circunstâncias que se interrelacionam. O ideal é que, numa lógica de prevenção de situação limite, a procura de ajuda se faça o mais precocemente possível.
JE – Que medidas podem ser tomadas para resolver este tipo de problemas no mundo académico?
HL – Uma das principais medidas, que considero ser uma responsabilidade de todos os agentes desta Escola, será a de cada um contribuir para o estabelecimento de relações interpessoais saudáveis no espaço escolar, e para a criação de redes de apoio, de forma a colmatar situações de isolamento, dificuldades de integração, etc. E isto pode fazer-se de muitas maneiras, desde um aluno ajudar um seu colega a integrar-se, incentivando-o a ir às aulas e a não desistir; um docente incentivar os seus alunos a fazerem trabalhos em grupo, e a fomentar a inter-ajuda, bem como a competição saudável; sugerisse a um colega que passe por uma situação difícil ou demonstre alterações no seu comportamento habitual que procure ajuda especializada, entre outras. O fundamental é que estes mecanismos naturais de convivência e de funcionamento dos grupos não se percam, sob pena de sermos apenas um conjunto de indivíduos sem qualquer coesão, inter-ajuda ou identificação.
JE – Uma mensagem aos alunos?
HL – Só posso dizer que a UOI está na FEUP para ajudar todos os alunos, naquilo que lhe for possível, de uma forma empática, genuína, profissional e confidencial (naturalmente). Partilhar os nossos problemas e angústias é, muitas vezes, o primeiro passo para se ir em busca da solução.
Para mais informações, deixamos os contactos da unidade:
225 081 625/1 401/2 179
e-mail: psiuoi@fe.up.p
(Artigo retirado integralmente do Jornal de Engenharia)
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