domingo, 25 de outubro de 2009

A Lobotomia


A lobotomia, mais especificamente a leucotomia ("corte da substância branca"), é uma intervenção cirúrgica no cérebro, desenvolvida em 1935 pelo médico neurologista português António Egas Moniz (1874-1955), em equipa com o cirurgião Almeida Lima, na Universidade de Lisboa. Esta abordagem cirúrgica consistia na abertura de série de orifícios no crânio, por onde passava um instrumento chamado leucótomo de fio, onde são realizados movimentos de lateralidade, ele cortava as fibras, e o paciente podia recuperar-se rapidamente. Moniz relatou os resultados com alguns pacientes. Pacientes que eram gravemente agitados, ansiosos ou deprimidos tinham mostrado bons resultados em alguns casos, enquanto que em outros não se obtivera sucesso. Moniz foi cauteloso em propor que a leucotomia deveria ser utilizada somente quando o caso não tivesse mais nenhuma esperança de tratamento por outros meios.


No entanto, um neurologista clínico americano muito ambicioso, chamado Walter Freeman, compareceu ao mesmo congresso de Londres de Egas Moniz, e posteriormente leu os seus resultados numa publicação. Perante os resultados ele uniu-se a um neurocirurgião, James Watts, para aplicar a nova técnica a pacientes americanos. Eles operaram pela primeira vez em Setembro de 1936. Ambos aperfeiçoaram a técnica cirúrgica, chegando ao que eles denominaram "Procedimento Padronizado de Freeman-Watts", que continha um conjunto preciso de orientações para melhorar a inserção do leucótomo.



Mais tarde, em 1945 inventou uma técnica desenvolvida por um italiano, que consistia em realizar um acesso ao lobo pré-frontal através da órbita do olho, que era trepanada e depois inserido o leucótomo. Para poder curar um maior número de pacientes desenvolveu uma forma muito mais rápida e simples, de realizar esta técnica, passando a ser usado um quebra-gelo, um instrumento pontiagudo, ao invés de um leucótomo, que necessitava da trepanação. Sob anestesia local, o quebra-gelo era apoiado no teto da órbita, e com uma leve pancada de um martelo, atravessava a pele, (tecido subcutâneo) osso e meninges, chegando ao lobo pré-frontal. Com um movimento lateral de 30 graus, as fibras eram desconectadas. Demorava-se não mais do que alguns minutos e não era nem mesmo necessário internar o paciente num hospital. O procedimento era tão impressionante, no entanto, era muito severa, o que levou a Watts acabar com a parceria com Freeeman.




As objecções éticas começaram, então, a se acumularem, devido ao dano irreversível causado no cérebro, e também devido aos sérios efeitos colaterais sobre a personalidade e a vida emocional dos pacientes, que começaram a ser relatados. Além disso, o aparecimento de novas e eficazes drogas antipsicóticas e antidepressivas, como a torazina, nos anos 50, que começaram a combater os sintomas mais sérios das psicoses em pacientes agitados e incontroláveis. Os neurocirurgiões acabaram por abandonar a lobotomia a favor de métodos mais humanos de
tratamento.





video esclarecedor do tema ( retirado do youtube) :


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