domingo, 15 de novembro de 2009

A Esquizofrenia

A esquizofrenia é um dos principais transtornos mentais e atinge cerca de 1% da população em idade jovem, entre os 15 e os 35 anos de idade, independente da cultura, condição socio-económica ou etnia. Esta caracteriza-se por uma grave desestruturação psíquica, em que a pessoa perde a capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar crenças irreais (delírios), percepções falsas do ambiente (alucinações) e comportamentos que revelam a perda do juízo crítico. A doença produz também dificuldades sociais, como as relacionadas ao trabalho e relacionamento, com a interrupção das actividades produtivas da pessoa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos, considerando-se todas as outras doenças.


A esquizofrenia foi inicialmente descrita como doença no final do século XIX pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin. Na época, ele chamou-a de Demência Precoce, pois as pessoas a que ela atingia, na sua maioria jovens, exibiam um comportamento regredido e desorganizado, que lembrava os idosos portadores de demências, como a Doença de Alzheimer. Mais tarde no início do século XX, Eugen Bleuler, psiquiatra suíço, cunhou o termo esquizofrenia (esquizo=cindida; frenia=mente), por achar o termo anterior inadequado. Para ele, a principal característica da doença era a cisão entre pensamento e emoção, dando a impressão de uma personalidade fragmentada e desestruturada. Os pacientes não tinham necessariamente uma evolução deteriorante como na demência e muitos se recuperavam.

Actualmente sabe-se que a esquizofrenia tem uma causa multifactorial, onde envolve factores genéticos e do ambiente ainda não muito conhecidos. A hereditariedade do transtorno é conhecida desde que a doença foi descrita por Kraepelin e Bleuler, há um século atrás. Há na família de pacientes adoecidos, outras pessoas afectadas com os mesmos sintomas ou quadros muito parecidos. A hereditariedade, entretanto, não parece ser o factor determinante, já que também é comum filhos de pais esquizofrénicos não desenvolverem a doença ou muitos deles recuperam.

Porém, têm sido feitas várias pesquisas que investigam a causa da esquizofrenia, sabe-se que a genética é responsável por cerca de 50% dos casos de adoecer, cabendo à outra metade aos factores ambientais. Por este motivo tem-se algumas dúvidas, no que diz respeito a esta pertencer ou não, ao grupo de doenças neurodegenerativas. Nas pesquisas já realizadas sabe-se que alguns genes já foram relacionados com a esquizofrenia e, provavelmente, outros também o serão.
Os genes da esquizofrenia são responsáveis por regular etapas importantes do desenvolvimento cerebral, bem como a produção de neurotransmissores (substâncias produzidas no cérebro para transmitir impulsos eléctricos de um neurónio a outro). Esses genes seriam activados por factores ambientais de risco, desencadeando eventos que culminariam em alterações subtis do desenvolvimento do cérebro, caracterizadas principalmente por um erro na comunicação entre neurónios de diferentes áreas cerebrais (desconexão neuronal).


Contudo, um dos maiores obstáculos na pesquisa genética é a inespecificidade dos genes relacionados. Alguns são comuns a outros transtornos mentais, como o distúrbio bipolar, o que sugere que doenças psiquiátricas possam ter uma origem genética comum. Portanto, visto isto, o diagnostico da esquizofrenia é bastante difícil.

As pesquisas genéticas em psiquiatria ainda estão em fases iniciais e muito há para ser descoberto. Tratamentos e medicações poderão ser aperfeiçoados a partir das novas perspectivas nesta área.



1 comentário:

  1. Achei interessantes os artigos e vídeos que publicaram.
    Continuem a desenvolver o vosso projecto com entusiasmo!

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